Mudanças Climáticas

Por Eng. Arnaldo Moura Bezerra.

Ao longo da história da humanidade o homem passou pelas mais diferentes
experiências e com elas aprendeu a lidar com adversidades as mais diversas como: terremotos, vendavais, ciclones, furacões, secas, enchentes, guerras, terrorismos etc, além de uma gama de ações capitaneadas por grupos e organizações criminosas, o que tem tornado dolorosa a vida das populações dos grandes centros urbanos. Como se isto não bastasse, surge agora mais uma preocupação que afeta toda a humanidade, configurada pelo que se convencionou chamar de aquecimento global.
Entra então no elenco das preocupações da humanidade mais uma personagem cujo papel tem provocado entre os pesquisadores, cientistas e ambientalistas as mais diferentes opiniões. Trata-se do EFEITO ESTUFA. Mas o que é o efeito estufa? Seria possível a vida no Planeta sem a contribuição do efeito estufa? Acredito que não! O efeito estufa é um fenômeno natural que tem por finalidade regular a temperatura média da crosta terrestre deixando-a em 15 o C ao tempo em que não permite elevações significativas desta temperatura.

Sem este efeito a temperatura média da Terra cairia para uns 6 o C negativos o que tornaria inviável a vida no Planeta. O problema está no efeito estufa adicional e este efeito pode ser decorrente de causas naturais ou ainda de causas antropogênicas, e neste último caso tudo indica que o problema teve início com a revolução industrial ocorrida na Inglaterra na segunda metade do Século XVIII com ênfase para o uso indiscriminado do carvão mineral, o petróleo e seus derivados.
Portanto o efeito estufa dentro de uma faixa térmica aceitável é de vital importância para a manutenção da vida no Planeta. O que não é aceitável é a possibilidade de um agravamento deste efeito que tenha como conseqüência o rompimento do equilíbrio energético do Planeta originando o que se convencionou chamar de aquecimento global, hoje no rol das preocupações de toda a comunidade científica mundial.
Há quem afirme ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_estufa ), que a expressão ”efeito estufa” é imprópria pelo fato de que a atmosfera não se comporta como uma estufa onde não há convecção.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Parte II


Segundo consta no resumo no último relatório do IPCC (dezembro de 2019), algumas previsões foram feitas a respeito das mudanças climáticas inclusive a que projeta um aumento médio na temperatura média do Planeta entre 1,5 e 5,8 o C entre 1990 e 2100. Com isto o nível do mar deve subir de 0,1 a 0,9 metros nesse período.
Será que as mudanças climáticas são unicamente decorrentes de causas antropogênicas ? Não teriam as causas naturais influência significativa nas mudanças climáticas? Senão vejamos: Em um ciclo solar, fenômeno natural que se repete a cada 11 anos, o sol passa por um período de atividade que vai do máximo ao mínimo. Isto está relacionado com as tempestades solares, fenômeno este que tem lugar na Fotosfera onde surgem as Manchas Solares, as quais foram observadas pela primeira vez por Galileu Galillei em 1611. “ Estas tempestades afetam os equipamentos eletrônicos dos satélites, causam distorções no cinturão magnético da Terra com efeitos imprevisíveis sobre o clima, telecomunicações, rede de distribuição elétrica, meio ambiente, etc.”
Estamos atualmente passando por um período de intensa atividade solar correspondente ao ciclo número 25 o qual teve início por volta do ano 2019.
Diante do exposto é mais prudente atribuir o aquecimento global não apenas às causas antropogênicas e sim levando em consideração também às causas naturais.
Não resta duvida de que a ação do homem na Natureza (causas antropogênicas), tem contribuído para aumentar assustadoramente a quantidade de dióxido de carbono (CO 2 ) lançado à atmosfera originando o efeito estufa adicional e indesejado.
De acordo com os cientistas e estudiosos do assunto, estima-se que em 1850 (época da disseminação da Revolução Industrial) a quantidade de CO 2 na atmosfera era de 270 ppm. Hoje esta quantidade é de aproximadamente 419 ppm, um aumento superior a 50%. A cada ano 9 bilhões de toneladas de CO 2 são lançadas na atmosfera do Planeta.

Mas não é apenas o CO 2 o responsável pela alteração do clima no Planeta, muito embora seja ele o que exerce maior influência. Entre outros podemos citar o vapor de água, aerosóis, a redução do fenômeno da fotossíntese como conseqüência do desmatamento e da queima de florestas que contribui para o aumento do CO 2 lançado à atmosfera, monóxido de carbono, óxido de enxofre responsável pelas chuvas ácidas em determinadas áreas do mundo, clofluocarbono e nitrogênio decorrentes da
queima de combustíveis fósseis nos parques industriais e nos veículos, cuja taxa vem aumentando progressivamente a uma velocidade que supera a capacidade de auto-depuração do Planeta.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Parte III

Em síntese, o uso cada vez maior de energia poderá pelo calor liberado gerar fatores de desestabilização no equilíbrio das forças da Natureza que regulam o clima no Planeta. Na verdade o assunto é muito complexo não se chegando ainda a um consenso, tanto é assim que de um lado surgem aqueles que são defensores das causas antropogênicas como a principal causa do aquecimento do Planeta e por outro lado os que defendem que o aquecimento global está diretamente relacionado com as causas naturais decorrentes da dinâmica da Terra. As simulações feitas por modelos climáticos mostram que o aquecimento ocorrido de 1910 até 1945 pode ser explicado somente por forças internas naturais (variação da radiação solar), mas o aquecimento ocorrido de 1976 a 2019 necessita da emissão de gases antropogênicos causadores do efeito estufa para ser explicado. (Fonte http://www.terrazul.m2014.net/spip.php/spip.php?article231.)
As alterações do clima no Planeta são consideradas uma das mais graves ameaças pelos efeitos produzidos nos ecossistemas, influindo na saúde humana, na qualidade da água além de efeitos outros de ordem econômica e social. Vivemos em um Planeta supostamente protegido por uma camada atmosférica de aproximadamente 50 Km, constituída de gases tais como nitrogênio, oxigênio, argônio, vapor de água, dióxido de carbono, hélio, metano, néon etc, onde a predominância em termos percentuais nessa massa gasosa está representada pelo nitrogênio e pelo oxigênio com 78,1% e 21%, respectivamente. Os demais gases que somam 0,9% são conhecidos como gases raros. Entre os gases componentes deste manto gasoso percentualmente equilibrado, conhecido como atmosfera terrestre, o dióxido de carbono (CO 2 ) principalmente, funciona como uma capa protetora impedindo que a quase totalidade do calor absorvido da irradiação solar atravesse a atmosfera em direção ao espaço exterior, enquanto que uma parte deste calor é absorvida principalmente pelo vapor de água, metano e gás carbônico nas baixas camadas atmosféricas.
O dióxido de carbono atua como se fosse uma parede de vidro que deixa passar a luz solar porém retém uma pequena parte do seu efeito térmico, contribuindo desta forma para que a atmosfera exerça um EFEITO ESTUFA de modo que a temperatura global média do Planeta se mantenha na faixa de 15 o C. O EFEITO ESTUFA portanto é um fenômeno natural que ocorre no Planeta tornando as temperaturas na biosfera compatíveis com a vida. Sem este efeito decorrente do equilíbrio existente na massa gasosa que compõe a atmosfera ditada pelas leis da Natureza, a vida no Planeta seria impossível em decorrências de temperaturas elevadas durante o dia e altas temperaturas negativas durante a noite.


MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Parte IV


Poderemos compreender melhor a importância do efeito estufa se atentarmos para as condições existentes na Lua onde não existe uma atmosfera e por conseqüência a inexistência de um efeito estufa. Por esta razão as temperaturas lá existentes variam de 100 o C durante o dia e –150 o C durante a noite.
Concluí-se daí que o EFEITO ESTUFA NATURAL é um fenômeno benéfico e imprescindível para a manutenção da vida no Planeta. Qualquer alteração percentual no volume dos gases que compõem a atmosfera, trará como conseqüência uma elevação na temperatura média do Planeta.
O aumento da atividade industrial nos últimos duzentos anos contribuiu para o aceleramento do processo de mudança climática no Planeta.
O homem, ávido de energia para satisfação de suas necessidades sempre crescentes nos diversos ramos da atividade humana, decorrente de uma evolução científica e tecnológica sem precedentes na história da humanidade, não respeitou nem mesmo o meio ambiente em que vivia.
Entendia o homem que a Natureza era capaz, por si só, de absorver todos os poluentes lançados à atmosfera.
Jamais pensou que a poluição atmosférica pudesse afetar a saúde dos seres humanos, na suposição de que a própria Natureza se encarregaria de eliminar de forma natural os efeitos nocivos decorrentes da atmosfera poluída. Este pensamento no entanto logo foi desfeito com o aparecimento das primeiras chuvas ácidas surgidas na Europa. A acidificação da água das chuvas reduziu a vida animal nos lagos no Canadá, na Suécia e na Noruega estima-se que o numero de lagos sem vida animal ultrapassa os milhares. Na Alemanha as estimativas dão conta de que mais de 78% das arvores da Floresta Negra estão praticamente mortas.
Esta alteração percentual dos constituintes da atmosfera começou a surgir com o emprego da lenha como combustível seguida do carvão mineral.
Com a descoberta do petróleo a partir do ano de 1856 com a perfuração do primeiro poço às margens do rio Oil Creek em Titusville nos Estados Unidos da América, passou este a ser o principal combustível utilizado na geração de energia, de tal modo que se tornou na atualidade o responsável por 90% da energia consumida no mundo, graças a sua versatilidade de utilização nos vários setores da atividade humana.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Parte V

A ação do homem na Natureza tem contribuído para aumentar de forma assustadora a quantidade de dióxido de carbono lançado à atmosfera.
Com a queima do petróleo e seus derivados empregados de forma indiscriminada ao longo de mais de 100 anos, a poluição atmosférica começou a atingir níveis que preocupam a sociedade científica mundial principalmente no que se refere ao aumento da quantidade de CO 2 lançado à atmosfera.

Na verdade o aumento da concentração do dióxido de carbono na atmosfera é uma exacerbação do efeito estufa benéfico ditado pela Natureza sem o qual não haveria vida no Planeta.
O efeito estufa adicional altera o comportamento da atmosfera provocando maior evaporação dos oceanos com aumento do teor de vapor de água o qual, por sua vez, contribuirá também para aumentar mais ainda o efeito estufa indesejado.
É este EFEITO ESTUFA ADICIONAL que tem preocupado a sociedade mundial e mais especificamente os cientistas de todo o mundo o que tem motivado reuniões, conferências, congressos etc, como por exemplo, a Rio-92, o Protocolo de Kioto, entre outros.
No caso específico do CO 2 a sua concentração na atmosfera tem um aumento anual de 0,4%, o que é de certo modo preocupante.
Os especialistas afirmam que: “Existe um consenso de que o aumento do efeito estufa só não é maior atualmente porque uma grande parte do CO 2 é dissolvida nos oceanos e extraída pela vegetação. Sem esses mecanismos reguladores, há muito que o ser humano já teria, sozinho, desequilibrado totalmente o clima da Terra.”
O aquecimento global do Planeta também exerce os seus efeitos sobre a flora e a fauna. Há referências bibliográficas de que atualmente na Antártida estão surgindo espécies vegetais que não existiam no passado. Este fenômeno, segundo o físico brasileiro Paulo Artaxa, é uma decorrência do “efeito do aumento de 1,5 graus na temperatura do continente ao longo dos últimos 40 anos.”, enquanto espécies outras estão desaparecendo no resto do mundo.
Segundo consta da página www.carbonarium.cjb.net , algumas previsões podem ser feitas:

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Parte VI

1 – O aumento da temperatura planetária provocará maior evaporação dos oceanos, aumentando o teor de vapor na atmosfera, que fará crescer ainda mais o efeito estufa, já que o vapor também contribui para o aquecimento natural da atmosfera.
2 – Os ventos são diretamente influenciados pelas temperaturas, logo é possível que ocorram mudanças nas direções de certas correntes, o que poderia alterar o rítimo e a distribuição das chuvas de forma imprevisível.
3 – A maioria dos cientistas já acredita que já começou o processo do degelo das calotas polares devido ao pequeno aumento de temperatura já verificado em nossa atmosfera. Esse degelo, se prosseguir em longa escala, poderá elevar o nível dos mares resultando em inundações sem precedentes na história.
4 – Com estas e muitas outras mudanças o aumento do efeito estufa pode provocar, é de se supor que grandes alterações ecológicas aconteceriam, causando extinção em massa de muitas espécies, cujas conseqüências são imprevisíveis.
Além disto o aumento do efeito estufa poderá afetar o equilíbrio ambiental com modificações no crescimento dos seres dos reinos vegetal e animal. O surgimento de furacões, terremotos, tempestades e o degelo das calotas polares poderá, por sua vez, fazer subir o nível dos mares acima de um metro o que resultaria no êxodo de aproximadamente 60% dos habitantes das zonas costeiras do Planeta.
Os paises altamente industrializados e os em via de desenvolvimento deverão contribuir de forma decisiva para o estabelecimento de uma política mundial que reduza gradual e sistematicamente a poluição no Planeta em todos os seus aspectos para que as futuras gerações não fiquem condenadas à estagnação, incompatível com a dignidade humana e o direito a vida.
Novas tecnologias na geração de energia devem obrigatoriamente fazer parte do contexto energético mundial como uma condição imprescindível para o estabelecimento de uma política que privilegie prioritariamente as alternativas energéticas ditas não convencionais entre elas a solar, na sua conversão direta e térmica, além da energia eólica.
Só assim, com o emprego de tecnologias não poluentes, objetivando principalmente reduzir o consumo dos combustíveis fósseis, é que poderemos restabelecer o equilíbrio da atmosfera de modo que modificações climáticas profundas e imprevisíveis não venham ocorrer no futuro.
Segundo o físico Warren Wiscombe, pesquisador da NASA,certa feita em visita à COPPE, ao ser perguntado sobre a utilização das fontes alternativas de energia com o objetivo de amenizar o problema da poluição do Planeta, assim se expressou:
“ Sou totalmente a favor do desenvolvimento de novas fontes renováveis de energia, como o Brasil fez com o álcool. A energia solar e o uso do hidrogênio como fonte energética também podem ser ótimas opções. É uma pena que não tenhamos insistido nesse caminho nos anos 70 – década em que os países. produtores de petróleo aumentaram o preço do produto, desencadeando uma crise econômica mundial. Como mais tarde a gasolina voltou a ficar barata, não houve mais o interesse em se fazer investimentos nesse setor. O governo Reagan praticamente paralisou as pesquisas nesse sentido.”

Eng. Arnaldo Moura Bezerra